sábado, novembro 12, 2005

A noite à noite

Eu sei, não parece, mas sim, estou melancólica. Um tipo de melancolia que só os boêmios conseguem sentir, apenas seus espíritos estão preparados para isso. O espírito anda volátil, oscilando de altura. A expressão anda leve, só a cabeça que às vezes abaixa buscando na memória antigas sensações e nos sentidos a compreensão. Se me perguntarem o que foi, eu me perderia em explicações simbólicas, corridas e vastas, tinta negra e papel branco, feito um pergaminho oriental; mas aí seria eu num ato verborrágico tentando exorcisar o que já somei e me domina. E no final das contas, sua pergunta ficaria sem resposta. (No fundo, não são todas que ficam assim?)
Ontem vi histórias bonitas, vozes viscerais, luzes negras, sorrisos novos, acordes perfeitos, dançarinos perdidos e vapores. Acompanhei narrativas, cantei junto, sorri de volta, dancei igualmente. Mas há um espaço que não se toca, onde os barulhos chegam abafados, distantes, e quando chegam ao final de caminho, apenas encontram alguém que não se importa com o que têm a dizer.
Mas sim, estou melancólica, e isso é ruim?

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