É, depois de tanto tempo, tantos blogs, resolvi abrir um novo. Dizer um motivo preciso é difícil, até porque são muitos e ao mesmo tempo nenhum. Morando sozinha, fica difícil conversar sobre coisas banais ao fim do dia, precisava de um espaço para isso; a folhas do meu diário já se foram há tanto tempo e psicólogo tá caro, falar sozinha, então, é um hábito, mas não basta... Já estou tendo que lidar com o silêncio de tantas formas, não queria mais essa. Vejo também que a internet tem espaços tão bem estruturados para eu mostrar o que odeio, o que amo, em que acreito, o que eu busco, mas nada que seja meu, com a minha cara, para dizer o que eu realmente penso ou como me senti. E morar sozinha é viver dentro de uma fábrica desses discursos lançados no vácuo ou no eco. O horário de verão já veio, meus cachorros vão crescendo, as pessoas vão se mostrando cada vez mais complexas, simples, necessárias e perdidas; o semestre passou sem me deixar tempo para me recuperar, aquela minha amiga querida tá de férias sem me dizer quando volta, eu passei de faixa, votei, ganhei uma blusa, ele me disse aquilo outro dia e logo depois aquele outro ligou de novo, fiz aniversário e muitas escolhas erradas, e não disse pra ninguém... Mas a vida, ah, sempre ela, tem se mostrado tão cinematográfica, meio tipo Kubrick, meio tipo Scorcese, meio tipo Almodóvar, meio tipo Kurosawa, mas tudo arrematado por algo muito Chaplin.
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É... tanto para falar mas o silêncio, sempre ele, dá uma voltinha e reaparece. Mas quando ele for dar uma volta de novo, eu retorno aqui. E só pra contrariar, num ato inútil de fingimento, vou negar Scorcese, Kubrick e Almodóvar: hoje, não vai ter trilha sonora.
Sejam sempre bem vindos à minha casa, só limpem os pés, não toquem nas espadas, não chutem meus cachorros e comam do bolo que está bom.
3 comentários:
Um ótimo começo, linda. Aproveite bem o seu novo espço.
Beijos.
Aqui vai o comentário de um amigo muito querido que não pode comentar por não ter uma identidade no blogger. Engraçado esse ciber-mundo que afirma que alguém não tem identidade e tem-se que ouvir isso com resignição... tsc.
Só como o bolo se for com fermento vencido....
Adoro você. Sempre que estiver sozinha me liga. Pode falar comigo. Se quiser até vou até a sua casa.
Mas nessa vida high tech, so te dou um conselho: cuidado pra não se confundir. Blog é um acessório. E só. Durante um tempo eu cheguei a achar que a minha vida era alí e incomoda um pouco quando lembro que não é.
Enfim, você é bem mais afa do que eu, vai saber usar desse novo horizonte.
Te adoro demais. Mil beijos do seu sempre fã.
Lucas.
Este é o início do seu "novo" blogger, e aqui estou eu pensando as mesmas coisas que te levaram a escrevê-lo.
Não, não moro sozinho, sabes muito bem que tenho minhas irmãs, mas a companhia delas tem reduzido drásticamente nos últimos meses.
Percebo-me diversas vezes artomentado pelo silêncio de minha introspecção, por pensar mais do que falar, e falar mais do que agir...
Não sei porque ou como retomamos o contato, me convidastes para teu aniversário, quase 2 anos mais tarde, e me animei em te ver, conversar contigo.
Agora, lendo teu blogger sinto-me mais próximo, tenho mais pistas sobre as coisas que pensas, e como pensas. Não de maneira íntegra e definida, mas fragmentada e difusa, mas ainda assim mais do teu universo.
Também não sei por que me dispus a responder um tópico de um ano atrás, teu primeiro post, mas acho que ele traduz parte do que é estar (ou sentir-se) só quando todas as luzes se apagam. Pensei em ti, em tua casa, grande e solitária e me lembrei de mim, em meu apartamento, pequeno mas às vezes imenso demais para que me sinta aconchegado, acalentado ou menos só.
Talvez esta resposta traduza apenas algo que perdemos, ou algo que talvez nunca chegamos a desenvolver: diálogo.
Eu não gosto de me expor gratuitamente, procuro evitar fazer isso, busco pensar duas, três vezes antes de dizer algo, mas às vezes escapa. Não sei medir até que ponto estou sendo sendo agradável e até que ponto impertinente. Mas sincero, com certeza.
Estar aqui e ler tuas palavras me faz sentir um pouco menos só.
sucesso!
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