É, depois de tanto tempo, tantos blogs, resolvi abrir um novo. Dizer um motivo preciso é difícil, até porque são muitos e ao mesmo tempo nenhum. Morando sozinha, fica difícil conversar sobre coisas banais ao fim do dia, precisava de um espaço para isso; a folhas do meu diário já se foram há tanto tempo e psicólogo tá caro, falar sozinha, então, é um hábito, mas não basta... Já estou tendo que lidar com o silêncio de tantas formas, não queria mais essa. Vejo também que a internet tem espaços tão bem estruturados para eu mostrar o que odeio, o que amo, em que acreito, o que eu busco, mas nada que seja meu, com a minha cara, para dizer o que eu realmente penso ou como me senti. E morar sozinha é viver dentro de uma fábrica desses discursos lançados no vácuo ou no eco. O horário de verão já veio, meus cachorros vão crescendo, as pessoas vão se mostrando cada vez mais complexas, simples, necessárias e perdidas; o semestre passou sem me deixar tempo para me recuperar, aquela minha amiga querida tá de férias sem me dizer quando volta, eu passei de faixa, votei, ganhei uma blusa, ele me disse aquilo outro dia e logo depois aquele outro ligou de novo, fiz aniversário e muitas escolhas erradas, e não disse pra ninguém... Mas a vida, ah, sempre ela, tem se mostrado tão cinematográfica, meio tipo Kubrick, meio tipo Scorcese, meio tipo Almodóvar, meio tipo Kurosawa, mas tudo arrematado por algo muito Chaplin.
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É... tanto para falar mas o silêncio, sempre ele, dá uma voltinha e reaparece. Mas quando ele for dar uma volta de novo, eu retorno aqui. E só pra contrariar, num ato inútil de fingimento, vou negar Scorcese, Kubrick e Almodóvar: hoje, não vai ter trilha sonora.
Sejam sempre bem vindos à minha casa, só limpem os pés, não toquem nas espadas, não chutem meus cachorros e comam do bolo que está bom.