quarta-feira, janeiro 18, 2006

Sobre coisas difíceis e doces

Tenho um cachorro. Boxer, de pelagem dourada, lindo. No sábado descobri que nas picadas que a aranha tinha deixado na sua pata deram berne, 3. Eu me revoltei comigo mesma, eu estava tratando aquelas picadas desde o início do ano temendo necrose e como pude ignorar aquilo?! Quando o primeiro verme saiu na minha mão, já morto, eu perdi completamente o chão, senti-me perdida, derrotada. Mas alguém estava ao meu lado para me colocar de pé de novo, enxugar todas as lágrimas que tinha naquele momento e me mostrar que aquilo não era o fim da linha. Final feliz: o último bicho que restou vivo foi removido no domingo de manhã e Atlas passa bem, já com todas as feridas fechadas.
Mas a moral da história é maior do que isso. Não importa o quão fortes ou independentes podemos ser, tudo fica mais fácil quando sentimos que não estamos sozinhos. A lição que demorei para aprender é que amar não precisa ser doentio e problemático, e que relações nobres e valiosas podem ser desencadeadas quando tudo que se quer em um momento é a companhia de alguém. Compartilhar, conviver e se relacionar não é fácil, às vezes não é flúido, mas há certos problemas que fazemos questão de enfrentar porque sabemos que somos maiores e que aquilo não passa de pequena quiáltera dentro do compasso, e que quando a música for ouvida na sua totalidade, até isso pode enriquecer a melodia. Minha maior dificuldade não foi reconhecer isso, foi me permitir. É comum que os artistas marciais repitam sempre que o primeiro e derradeiro inimigo que deve ser vencido é a si mesmo. De fato. Lutei em alguns momentos comigo mesma para que certas coisas pudessem acontecer e digo são esses combates que me fazem crescer mais. E o prêmio é saboreado a cada dia, em cada gesto, em cada problema superado. Foi bom encontrar uma adversária à minha altura que valesse a pena combater.
Eu tenho um herói.

Um comentário:

Anônimo disse...

Naum sabia em qual comentar, logo estou comentando nos três. Primeiramente senti falta dos seus posts, afinal todos os dias visitava o seu blog e nada, bem muito interessante o Soneto de
William Shakespeare, e fascinante como realmente os maiores combabes são feitos tão internamente...... sem mais palavras por agora.... a gente conversa de noite.... BJOS