terça-feira, maio 16, 2006
Epílogo
O junco se dobrou quase até o chão fazendo uma reverência à força do vento, que passou cantando agudo feito uma heroína de tranças desdo alto daquela velha montanha. A água armou-se com cachos e esfregou-se na margem ao som daquela música. Tudo ficou ainda mais gelado e Vivien apertou-se ainda mais sob aquele manto pesado. Muitas noites seguidas aguardara naquele mesmo ponto, e esta parecia que seria mais uma como todas as outras. Pôs-se de pé, ajeitou o tecido que lhe cobria, como se houvesse poeira em cima dele, como se estivesse amassado. Deixou o gorro descobrir o topo de cabeça, para que pudesse se molhar com a chuva fina e gélida que começara a cair; fechou os olhos e ergueu o rosto à chuva. Caminhou até os arbustos como se procurasse algo, agachou e arrancou do chão aqueles brotos de verde mais escuro. Levou à boca. Aprendera que efeito não tardava. E não tardou. Sentiu a respiração ficar um pouco ofegante e os olhos pesarem. O corpo estava dormente e não mais lhe obedeceu, mas não tinha objeção alguma quanto a cair naquele chão de pedras; morte indolor.
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