Lembro de um conto zen em que o discípulo pergunta ao mestre o que são as palavras. O mestre, daquela serena expressão, disse que não podemos ter uma estrela, mas podemos apontar para ela. Palavras são assim. Elas apontam para as coisas, e cada olhar vai revelar aqui que se releva. Então, e agora lembro do Quintana, definições definem definidores. Também disse Schopenhauer que todo ponto de vista é a vista de um ponto. Não mais citando ninguém, digo que, então, nunca haverá dois discursos idênticos, pontos perfeitamente coincidentes, definições concordantes. Sendo cada discurso uno, que esforço meta-humano é esse de nos comunicarmos, de dar ao outro aquilo que vemos? Seriam para nós nossas perspectivas origem de isolamento, sendo a comunicação a tentativa de anular esse mal? Então, o que cabe a mim dizer? Que discurso inútil é esse que vou empregar para me manter isolada? É isso que nos leva a nunca realmente ver aquele que está diante de nós; vemos aquilo que somos capazes de perceber, aquilo que projetamos no discurso de outrem.
Sendo assim, resignada estou diante da falência das palavras e aquilo que realmente me mantém insone não receberá outra linha aqui.
Ao final deste discurso que fala sobre a fraude que este mesmo é, você acha mesmo que entendeu o que quis dizer, por que eu quis dizer?
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