Era um daqueles dias manhãs frios de agosto. Abriu os olhos, dolorida. Havia adormecido no sofá, novamente. Ergueu a cabeça pesada, passando a mão nos cabelos que caiam no rosto, procurou o relógio na parede. 15:41.
Foi correndo a mão pelos bolsos da calça, nada; saltou do sofá e caiu em cima do casaco pesado que estava largado no chão, os dedos correram apressados e só achou a conta dos analgésicos, o tíquete do estacionamento, as chaves roubadas, aquela página arrancada, a carteira, mas não era nada daquilo que buscava. Não, não poderia ter perdido a noite toda para terminar com as mãos vazias; se fosse assim, não teria voltado para casa. Pensou, entre o uísque e os comprimidos, havia um momento que lhe escapava...
Seu coração começava a bater mais acelerado, começava a suar frio e sentiu-se sufocar. Arrancou então a blusa preta que cheirava a cigarro e bebida, conseguiu arremessá-la ainda mais longe que o casaco, então sentiu dentro do bojo do sutiã, estava lá. Não havia se lançado naquela noite em vão, foram antes do segundo comprimido, sim.
Ainda era a melhor que havia, só ela teria conseguido, e conseguiu.
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