sábado, setembro 30, 2006

Sobre simplicidade e potencial

Gosto de linhas, pautas, sejam igualmente afastadas ou pentaagrupadas. Observo-as em branco, concedendo potencial literário ou musical a uma mera branca folha; observo-as preenchidas, como varais onde se estende as roupas sob o sol.
Uma linha é nada, só um conceito matemático. Nem mesmo solta no alto pode ser chamada de título ou mancehte se não houver linhas em baixo que a hercúlea ergam e amparem. É uma linha que concede sentido à outra; é uma linha que nasce da outra; é uma linha que, dentro do seu conjunto, o compõe e é composta.
Mas não importa quantas linhas a cerquem, se equilibram-se sobre ela discursos, melodias ou coisa alguma; linhas são sempre linhas, nada será capaz de arrancar-lhes sua constância, elegância, simplicidade ou retidão. Ainda que isoladas de todas as suas outras, todas as outras sempre guardarão a sua ausência, esta sempre clamará pelas suas outras. E correm, para um lugar que cremos existir, lugar esse que cremos, e creêm, que é onde se encontrarão, na esperança de que viva lá o abraço ao qual têm direito.

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