quarta-feira, novembro 15, 2006

Sobre silêncios e flechas

Há a primeira frase, que é quando a linha deixa de ser reta, ganha afrescos e o discurso se inicia. Para alguns, é a mais difícil; há o desafio de se vencer a inércia; quando esta é vencida, segue-se o impulso.
E há a última frase, que é quando as curvas de dirigem ao ponto final e depois disso há o silêncio. Para mim, esta é a mais difícil! Porque depois desse ponto, vem o silêncio. Não, meu problema não é me calar, mas sim fazer com que esse silêncio-pós seja diferente e distinto do silêncio-pré.
Acredito que isso seja defeito meu, vício de musicista mesmo que acredita que as pausas pertençam à música, assim como suas notas; e que o último acorde define a pausa longa que o segue; vontade de que aquele acorde more no silêncio reinante que sempre vem.
Eu posso começar fraco, posso enrolar, encher lingüiça, posso fazer mil malabarismos, mas o desejo é que se leve alguma coisa para casa, depois de todo o meu esforço. E a minha última frase é essa última chance, último tiro dentro do tambor para acertar o alvo; última flecha para atingir o coração e enfeitiçar para sempre. Senão não serei mais lida, mais ouvida. E o medo disso é incômodo, como um tecido pinicante num suéter que só devia me aquecer...
Então... você volta para me ler?

4 comentários:

Anônimo disse...

É bom ver sua preocupação com o arremate, mas ouso afirmar que ler seus textos é um prazer no pré, durante e pós-leitura.
Eu volto. Com certeza.

Anônimo disse...

Voltei

Anônimo disse...

E Voltei de Novo. Viu?

Anônimo disse...

todos voltam