Começam finos e escassos contra o pára-brisa. Vão então aumentando de número, molhando aqueles pedaços ainda secos de vidro. Então ficam grossos e, assim, ruidosos. Forma-se uma cortina prateada, deixando a visão mais difícil e o trânsito mais lento; toda beleza tem seu preço mesmo.
O carro pára na rua molhada, emoldurada por pequenas córregos. É preciso ser rápido agora, passos ligeiros, ombros curvados, olhos cerrados; e a roupa vai ficando gelada ponto a ponto, fazendos os dedos mais apressados para achar a chave e abrir logo o portão.
E então uma mão alcança a outra, puxa para perto, o instante foi curto, mas, sim, os olhos se fitaram, e então os lábios se tocam. Fazem então dança lânguida mas vivaz, a roupa volta a ser abrigo cálido e toda a pressa escorre junto com a gota que desce pela coluna.
- Achava que só eu gostava desse tipo de coisa.
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