segunda-feira, maio 28, 2007

Pitaco-dívida: pró o quê?

Há alguns dias, lancei aqui uma pequena observação sobre a questão do aborto, tão discutida pelo Herr Ratzinger e outros; só não imaginava que fosse gerar tantos comentários quanto gerou, nem tão eloquentes como foram. Então me senti na obrigação de dizer alguma coisa. A demora se deve a querer fazer isso de forma correta.
Muitos se colocaram contra e quem se colocou a favor, o fez de forma bem embasada; mesmo que eu fosse terminantemente contra, teria que dar o braço a torcer à validade de seus argumentos.
Mas o fato é que não sou pró-aborto, sou é pró-escolha. Mais ainda, sou mesmo a favor de descriminalização do ato. Não que eu esteja defendendo isso, mas enquanto as condições forem as que temos, vivemos em um círculo de impunidade daqueles açougueros que fazem abortos ilegais, que sabemos que não são poucos. Só no ano passado, 220 mil curetagens pós-aborto foram realizadas pelo SUS, muitas mulheres terminam nos hospitais em estado de choque, vítima de um procedimento inconseqüente, de uma anestesia mal aplicada. Estima-se 1,1 milhão de abortos clandestinos no país. As maiores vítimas, naturalmente, vêm das camadas mais pobres.
Com a descriminalização, o que vai acontecer é que as mulheres que passam por esse drama terão acompanhamento de especialistas e orientação, e é neste trajeto que muitas desistem de interromper a gravidez. Enquanto for proibido, elas passam por essa drama isoladas; não à toa se entregam ao desespero.
Não quero que as pessoas se tornem pró; mas acho que a questão maior por trás de toda discussão é que não se pode mais fingir que mulheres não estão morrendo pela falta de regulmentação e a vista grossa do Estado à condição delas, pela permissão à impunidade.
Nas palavras do próprio José Gomes Temporão, atual ministro da saúde, "se os homens engravidassem, será que esta questão já não estaria resolvida?"

Um comentário:

xistosa, josé torres disse...

Gosto de ter cuidado ao escrever e de não dar erros, como um "colegial".
Mas nem sempre leio o que escrevo e então sai "besteira"
Eu sou a favor do aborto, porque ao longo da minha vida vi, mulheres quase à beira da ruptura com a vida, por "curandeiros" ou "curandeiras" que só viam a cor do dinheiro e deixavam as mulheres sem o feto, mas em suplicío sangramento.
Numa véspera de Natal, há muitos anos, deixei o carro para mudar o óleo e ao fim da tarde, ao ir buscá-lo, estava uma mulher, à espera do dono do carro para tentar salvá-la.
Ia com a minha mulher e levei-a ao hospital.
Talvez tenha sido a sua salvação ...
Bem, mas cada um ou uma tem que ter vontade própria e defender as suas inclinações.
Respeito todas as opiniões, mas não admito que se proiba uma coisa, para que se tenha de pagar uma fortuna em Portugal para a fazer clandestinamente, ou para ficar mais barato se vá a Espanha, (quem pode).
Continuamos a laborar no erro ...
a mulher que quer abortar, deve ser acompanhada pelos médicos e profissionais de saúde e só depois, abortará de livre e expontânea vontade.
O Brasil é muito mais religioso que Portugal.
A Bíblia nem defende nem condena o aborto, mas mesmo que o condenasse, é sempre de desconfiar.
Veja-se o que pensam no Vaticano, sobre a Teoria da Evolução Humana de Darwin, é o cúmulo para um papado mais perto do nazismo ...
Não posso calar a indignação de em pleno século XXI, pôr-se em dúvida quem estudou e provou a verdade.
Não há dogmas na ciência !!!!!!!
A Igreja, só pode provar a mentira, para alguns e a verdade para outros.
Agora diga-me sinceramente, acredita que a vida na terra começou no paraíso com Adão e Eva ???
Façamos um juízo de consciência e vejamos quão ignóbeis e ignominiosos foram as religiões ao longos dos séculos.
Temos de assentar os pés no chão, PARAR e PENSAR FRIAMENTE.
A religião não alimenta ninguém e vive uma vida parasitária.
Que a impunidade dum aborto seja uma realidade, mas a impunidade duma clandestinidade seja a prisão!
Tenho dois filhos e nunca me perpassou pela mente, nem à minha mulher, abortar.
Mas se não tivesse condições de criar os filhos, não tenha dúvidas que defenderia o aborto. Depois a minha mulher decidiria, porque apesar do corpo lhe pertencer, ao casar, pelo menos aqui em Portugal, casa-se com cumunhão de adquiridos, (quando não se faz escritura em contrário, pois pode-se casar com separação de bens, etc), que quer dizer, que tudo o que aparece depois do casamento é metade de cada um.
Ora se tenho direito a metade do corpo dela, terei direito a meio voto no aborto ...
Já chega de brincar com coisas sérias !!!
Um abração do josé torres