Havia já oito anos que trabalhava ali. Gostava de lá. Da vista que a janela do hall de entrada oferecia, depois dos prédio, o mar; do salão de beleza logo ao lado, sempre meio vazio, o que permitia sempre ser atendida quando chegasse, com aquelas revistas ordinárias do ano passado, adorava rever as fofocas esquecidas enquanto retocava suas raízes, nunca deixava crescer mais de 1 dedo. Gostava do restaurante light a uma quadra, que todas as saladas tinham molho de maionese e o preço nem de longe era justo. Suas colegas nunca a trataram como se fosse uma delas. Acreditava ser por causa de sua voz aguda, vi-as virarem os olhos cada vez que abria a boca. Mas não importava, tinha a atenção e gentileza de seus colegas. Eles adoravam fazê-la rir e pregar-lhe peças inocentes.
Uma manhã, era sexta-feira, próximo da hora de fechar. Cinco homens, armados e vestidos de preto, invadiram o prédio, renderam seus colegas. Ela tinha ido ao banheiro, retocar a maquiagem. Ela ouvira o rebuliço lá de dentro, escondeu-se atrás da porta e observou o que se passava. Todos os colegas no chão, no meio do escritório. As mulheres foram enfileiradas, um deles passava olhando uma a uma, erguendo suas cabeças pelo cabelo.
A porta abriu sem que ninguém se desse conta. E uma ordem paralizou aquela situação:
—Solte-a. - Era uma voz feminina, firme e grave.
Todos olharam na direção da qual viera a voz.
—É a mim que vocês procuram.
Os cinco homens encapuzados congelaram no movimento em que estavam. Apenas seus olhos se moviam, examinando de cima a baixo aquela figura. Sim, mudara muito, as longuíssimas mechas loiras enganavam facilmente, mesmo sob aquela maquiagem que beirava a vulgaridade, os brincos exagerados, mesmo sob as lentes azuis, os olhos ainda estavam lá. E estava certa, era ela que buscavam.
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