Reforma das regras de etiqueta à mesa

1. Não é mais falta de educação puxar o spaghetti. Convenhamos, sem isso, qual a graça?
Inclusive, com esta reforma, é lançado a tradição que concede uma porção mais generosa de sobremesa àquele que conseguir fazer a ponta do fio de massa bater na ponta do nariz;
2. nova regra também para canudinhos: fazer bolhinhas dentro do copo e sugar ruidosamente até a última gotinha estão valendo;
3. guardanapos banidos. Tampouco vale limpar na mesa ou na cortina. Trata-se de uma grosseria, não só porque tem gente que não tem comida, como também porque quando a comida é boa mesmo, a gente não dispensa. E para o elogio máximo à cozinheira, lambe-se o prato;
4. soprar a comida pode. Proibiçãozinha nada a ver;
5. e pode sorver o chopp (ou o liso) devagarinho, só não vale fazer muito barulho.¹
6. vale cortar o alface, ficar fazendo trouxinhas com a faca que se expandem no ar é desgastante e perigoso;
7. dar aquela misturadinha de leve na comida também pode, chega do feijão num canto, o arroz em outro, e a farofa isolada. Fica como um protesto chique e sutil à segmentação do mundo;
8. pizzas, sfihas e qualquer coisa que se assemelhe a um pão seguem a regra antiga de não se usar talher para comer ou partir, sem esquecer da nova regra Nº 3.

A regra que manda esperar que todos estejam servidos fica. É de bom tom, e se não quiser esperar de jeito nenhum, coma sozinho, isolado.
Pés à mesa ainda estão banidos, cada um pode sacrificar um pouco de seu conforto em benefício do apetite alheio. E arrotos ficam de fora, até para os árabes.

¹ Atualizado em 15/02.
Reatualizado em 21/04.