Guarda nada!

Gosto de chuva, sempre gostei. Passei a gostar mais ainda depois que comprei minhas botas, confortáveis, confiáveis; vou e volto num dia como hoje com os pés secos. Além do que, já tinha uns dias que o tempo tava seco demais, e os pombos tavam até voando com uma asa só (quem não conhecer essa piadinha velha pede que eu explico).
Mas chuva tem um problema: guarda-chuva. Eu não tenho, me recuso, não gasto dinheiro com isso. Trata-se de um trambolho, feito para ser esquecido, mal projetado, não te serve de nada quando a chuva cai na diagonal e ainda por cima te lerda; ora, sim, se você está sob a chuva, não quer continuar sob ela, mas não pode correr senão o troço abre e você parece personagem de comédia clichê. Se não bastasse tudo isso, as pessoas não sabem como usar. Se você tem uma coberturazinha confiável sobre a sua cabeça, por que tem que andar sob a marquize, tirando lugar daqueles que não têm, mirando as ponteiras em suas íris? Sim, as pessoas precisam de seus olhos, não os ataquem como se fossem pássaros do Hitchcock. Cuidado por onde passa, e não venha dizer que a grossa sou eu da próxima vez que você mirar um dos bicos na minha cara e eu o empurrar para longe.
Fora a tristeza que os pontos de ônibus viram, a gente anda até a rua para conseguir ver qual é o que está chegando.
Mas aí tem aquela hora feliz, depois de pegar aquela pu76 chuva, você entra finalmente no ônibus ou chega ao seu destino. Que você faz? Fecha o seu trambolhinho e... sacode-o! Que gracinha! Você todo sequinho, mas as pessoas ao seu lado, tudo ao seu lado mais molhado que banheiro de chopada. Aí você aproveita e deixa-o todo aberto para secar num cantinho, assim, como se fosse uma nova mesinha de centro de algum designer tcheco.
Se aquela teoria de que não passam de sondas alienígenas para monitoramento do planeta é válida, não tem como esse povinho de outra galáxia querer seus boletins atualizados mais constantemente e chamá-los de volta logo? E deixem as BICs fazendo o resto do trabalho, ao menos são úteis.