sábado, junho 07, 2008

Nem para todos ela vem


Essa semana meu pai me deu a notícia de que um grande amigo dele faleceu. Sujeito brilhante do velho continente, foi professor do meu pai e posteriormente chegou a trabalhar com ele diversas vezes. Lembro de quando era criança e conversávamos, eu não sabia a língua dele e ele não sabia a minha, mas com ele aprendi que óculos são glasses, como os vidros da janela, mas mosquito só muda a pronúncia; e aí também aprendi que comunicação pouco tem a ver com palavras e mais com atenção. Era de fato um gentleman, talvez se vivesse mais uns anos se tornaria um sir.
Antes de perguntar qual foi a causa ou de lamentar sua ida, perguntei com quantos anos ele estava, alguns bons mais de 80. E isso de certa forma me alegrou. É bom quando um homem leva o fluxo natural da vida. Se esta fosse um jogo, ele marcou muitos pontos, não porque ganhou muito dinheiro (a contagem não é assim tão fácil), mas porque viveu, fez grandes amigos, morou um vários lugares, deixou boas lembranças e grandes obras, formou cabeças brilhantes (a do meu pai compõe essa lista). Esse negócio de heróis que morrem de overdose é a coisa mais feia que tem.
Estranho que nessa semana, ele também falou de uma figura maravilhosa que conhecia que se foi, aos 94 anos. Talvez se mudássemos a nossa compreensão sobre os fatos, não nos doesse tanto. Esses não morreram, descansaram. Que seja sempre assim. A vida é uma música, deixemos que seja tocada até o fim.
Talvez ele fale melhor disso do que eu.

3 comentários:

xistosa, josé torres disse...

Inexoravelmente tudo acaba.
Seja grande ou pequeno.
O que é bom, que acabe mais tarde, até a canção da vida terminar ...

Bela homenagem.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Justo disse...

Com o tempo, também aqui, os seus textos estão mais profundos e é com prazer que ao lê-los, eu aprendo.