quarta-feira, setembro 03, 2008

Moças antigas mas sempre atuais

Um dos designs mais consagrados que há no mundo é o da clássica garrafa de Coca-Cola®. Não é segredo nenhum que duas das referências usadas foram o cacau com seus fusos e a Mae West com suas curvas. Até mesmo Harpo Marx brincou com isso, quando desenhou no ar um belo par de curvas e, quando perguntaram se conseguiriam uma daquelas para ele, ele entregou a garrafinha. (Queria mesmo achar esse vídeo, fica a dívida.)
Como no início, e por mais muitos anos, a garrafa era feita de vidro, a embalagem era muito cara, mas mesmo assim a Coca-Cola® não abriu mão de sua identidade visual. O resultado disso vemos ainda hoje, com cartazes que mostram apenas a silhueta de uma garrafa, sem ser necessário qualquer um dos fatores de reconhecimento do produto como a cor ou a assinatura (que, aliás, até analfabetos sabem o que significa). Até mesmo o cinema já lançou mão desse recurso em O deuses devem estar loucos (1980).
Sendo um produto que as pessoas consomem em qualquer lugar, a qualquer hora (menos eu, eu não tomo refrigerantes), o design foi bem escolhido. Para os que dispensam copo, a bebida pode ser consumida direto da embalagem, com canudo ou sem, fica a gosto do freguês. E para esses, as curvas femininas ajudam a segurar, são mais anatômicas do que paredes lisas. Eu odeio refrigerantes, mas sei reconhecer que foram sagazes.
Por outro lado, eu adoro leite condensado, é a semente do brigadeiro, do pudim de leite e de qualquer outra coisa que satisfaça a alma de gordinha que mora dentro de mim. A marca mais tradicional do Brasil é o Moça®, desde 1890 na vida dos brasileiros. Inclusive, muitas pessoas pedem leite Moça e terminam levando qualquer marca para casa; como quando pedimos giletes® ou bombril®. Mas o que eu não entendo é por que, sendo o produto muito mais viscoso do que qualquer bebida, e com aplicações e usos completamente diferentes, a lata deixou de ter paredes paralelas para adotar as curvas, que dificultam a saída do leite condensado e o acesso de qualquer espátula para tirá-lo. Adoro, mas mandaram muito mal.

3 comentários:

Gabriel Cruz disse...

Muito bom!! Emociono-me de ler esse post!

xistosa, josé torres disse...

Posso dar uma sugestão?

Eu que tenho pouco trabalho para fazer, passo a vida a reclamar.
Tomo meio comprimido, que dizem ser de produtos naturais, (Victan), e como são muito pequenos, cortá-los a meio é uma dificuldade.
Possuem uma ranhura, mas na embalagem vêm com a ranhura para o lado transparente ou para o outro, indiferentemente.
Pois escrevi para o laboratório a perguntar porque é que a máquina de embalar o Victan, não os colocava com a ranhura para cima am serem embalados.
Porque a máquina era antiga e não tinha essa funcionalidade.
Isto foi há uns dois anos.
Há cerca de um mês, no meio de Julho, mais ou menos, enviaram-me um e-mail a dizer que já possuíam a máquina e que todos os comprimidos já vinham com a ranhura para cima ...

Muitas vezes os designers, podem fazer e ter coisas muito bonitas, mas pouco funcionais ...

O dia a dia é de quem manipula as coisas é que dita o que é mais prático.

Já aprendi que beber um refrigerante, directo da embalagem é com "canudo", aqui, é uma "palhinha", mas não é de palha, é mesmo plástica.

também me intrigava o leite Moça.
Vi agora que é leite condensado que não gosto por ter muito açúcar e torna-se enjoativo.

Pequenas coisas, grandes problemas.

Anônimo disse...

Interessante... estava eu no trabalho, sem po%#* nenhuma pra fazer, tentei achar algo de interessante no Google e "caí" aqui... fiquei umas 2 horas lendo vários desses posts ilários... Aqui se encontra coisas simples e inteligentes.. Parabéns a autora!