segunda-feira, janeiro 12, 2009

Pedido por escrito

Eu queria pedir à mídia que parasse de dar ibope para a Suzana Vieira. Não, não acho que ela seja má atriz, tenho até uma lembrança boa dela. Quando eu era criança, minha mãe levou a mim e meu irmão para assistir A partilha, peça do Miguel Falabella que ficou 10 anos em cartaz, em que ela compôs o primeiro elenco.
Éramos pequenos, já disse, então minha mãe comprou os assentos bem nas primeiras fileiras para que pudéssemos assistir. Estávamos curtindo, educadamente. Até que chegou uma cena em que ela discutia com as irmãs sobre o ex-marido de alguém que tinha tara de mijar na mulher. E falou-se em tara daqui, tara dali, até que meu irmão, com o timbre de soprano característico da idade, virou para a minha mãe e perguntou, sem a menor etiqueta de platéia de espetáculo:
— O que é tara, mãe?
Aquilo furou de uma forma tal que as primeiras fileiras riram em uníssono. Eu era pequena, vocês bem sabem, mas lembro até hoje da cara da Suzana Vieira, acima da minha cabeça, sob o holofote, numa disputa hercúlea contra o riso. Ela ganhou, e o texto seguiu.
Então talvez seja exatamente por isso que peço que não dêem mais espaço para ela falar sobre essa lance todo do ex-marido. Até porque acho que muita coisa infeliz já foi dita sobre isso tudo, colocar a culpa nela pelos mau-caratismos do cara é pheoda; mas ela também podia tentar manter o nível evitando declarações do tipo "Pessoas com deformidade da mente, como ele, transam muitíssimo bem”.

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