segunda-feira, junho 22, 2009

Memórias de um tempo que os anos não trazem mais

Entre os estudos para uma das inúmeras provas que tenho pela frente, eu paro, sento, e faço uma refeição balanceada à base de batata frita modestamente temperada com catchup, e me lembro de quando esta fina iguaria foi poetizada na década de 80 com o célebre e nobilíssimo verso "Oquéi, você venceu, batata frita". E, por divagações associativas, lembrei de uma professora de literatura que tive no colégio que dizia que este verso era uma alusão ao clássico machadiano Quincas Borba, quando a personagem principal dizia "Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas."
À ocasião, quando a tia de literatura deu esta aula primordial, eu fiquei me perguntando se aquilo era sério, afinal, uma banda como a Blitz, que tinha como líder o grande pensador Evandro Mesquita, capaz de estrofes tão profundas sobre a condição humana como Perdidos na selva,
Mas que tremenda aventura, Você até jura, Nunca sentiu tamanha emoção, que inspiraram todas as locuções dos filmes da Sessão da Tarde, fosse capaz de coisas tão bem pensadas.
E hoje, com a sapiência concedida pela maturidade, chego à conclusão de que, assim como estudamos na escola matemática, não com o objetivo de saber o que fazer na vida ao nos depararmos com um produto notável, mas sim para desenvolver nosso raciocínio lógico; passamos longos anos fitando o Romantismo e sua tchurma para olhar o resto do mundo com bons olhos, e não vendo-o na crueza da sua falta de embosso e conteúdo, talvez até com objetivo secundário de nos ensinar a falar quando tivermos algo muito bem pensado.
Bom, como boa parte do ensino fundamental e médio, falhou.

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