quinta-feira, outubro 29, 2009

Eu e o céu

Ao olhar pela varanda daqui, por trás dos telhados e antenas, dá para ver os picos da montanhas ao longe. É um bom termômetro para saber a quantas anda o tempo. Quando a chuva promete, ao invés das árvores erguidas ao longe, é como se o céu descesse e tocasse as telhas, os topos somem atrás da núvem e da névoa.
Sim, essa semana os dias não foram lá de muito anil, mas sentada aqui, eu tive a impressão de que o dilúvio estava suspenso esperando para descer e virar notícia de jornal.
Só que hoje, quando eu entrei no quarto apoiada em muletas, vi o horizonte circunflexo e granulado das copas verdes, mesmo com o céu da mesma cor de outros dias. E então entendi que a minha visão estava abreviada por ter que olhar lá para fora da cadeira, vendo as telhas por baixo. E tive a sensação de que enquanto estar nesta cadeira for compulsório, os dias vão sempre me parecer cinzas, mais plúmbeos do que o normal.
E nem lembro da musiquinha do episódio de Chaves em que todos vão para Acapulco (ou era Guarujá?) para ao menos ter uma trilha-sonora apropriada.

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