segunda-feira, novembro 09, 2009

Nação de quê?

Ao contrário do que tenha parecido, eu não fiquei alheia ao ocorrido com a Geisy Arruda, estudante da Uniban que acabou sendo expulsa da instituição por um vestido que usava. Primeiro, eu achei que a Sabrina Sato finalmente se mostrou útil, foi lá, com um vestido ainda mais provocativo do que o gerador de toda essa confusão e não foi agredida, o que mostra que esse povinho não tem o menor critério para fazer coisa alguma. O que me leva ao segundo ponto: a manifestação tava tão cheia, eu me pergunto se não teve ninguém ali que não pertença ao grupo dos baderneiros.
Terceiro, o interessante da história foi trazer uma assunto que a gente acha que já passou, que ficou lá para trás de alguma década distante mas a gente sabe que convive com a gente: machismo. E desta vez foi institucional, a Uniban consegui expulsar a moça que foi agredida mas aqueles que disseram que cometeriam estupro tão lá, se bobear ganham até bolsa de estudos.
Quarto, pouca roupa? Ok, gente, eu confesso que não usaria um vestidos como esse para ir à faculdade, mas isso não quer dizer que se um dia eu vier a usar sou isso ou aquilo. Quantas vezes os homens deixam o elástico da cueca aparecendo, tiram a camisa porque tá calor e ninguém chama eles de michê ou cria uma situação desse tipo. Se alguém não gosta da roupa do outro, olha para o outro lado, faz comentário sarcástico entre os amigos e pronto. Eu também acho o fim uma porção de coisa que vejo por aí (e não falo só de roupas) mas não me dou ao direito de agredir alguém verbalmente ou de fazer ameaças por isso. Sério, quando li a matéria, fiquei imaginando a mulher com uma saia de 6 dedos, mostrando calcinha pelos dois pólos, decotão, barriga de fora, e ainda assim eu não achava que justificava o comportamento. Mas aí eu vejo que foi um vestido desses, e só acho tudo ainda mais ridículo. Eu acho engraçado como as pessoas conseguem se virar contra algo assim, gritar, ameaçar, ofender, falar do que não sabem, por causa de um vestido; mas estão vendo coisas piores, que as afetam ainda mais o dia inteiro nas ruas, como motorista que não respeita pedestre, que pára no meio da rua se lixando para o trânsito, gente que mal trata criança, enfim, que faz qualquer coisa que tem efeito direto na nossa vida e assistem quietos. Mas aí porque tem uma mulher de vestido se sentem profundamente ofendidos! E esta postura ainda é ratificada por uma instituição com mais de 30 mil alunos. Se eu estudasse nessa universidade, pedia transferência, como gente assim vai se responsabilizar pela minha formação? Mais, que corpo jurídico é esse que decide transformar a vítima em ré? Se a Unibandidos leva tão sério assim os tipos de trajes que os alunos devem usar, como nunca se manifestou de forma oficial sobre o tema? O Allan Sieber falou muito bem, "num coro de 'machões' todo mundo é super corajoso".

3 comentários:

lulu! disse...

ah tá... mas que ela conseguiu chamar bastaaante a atenção, como aparentemente queria, ahhh, conseguiu! será que alguma revista convida para posar nua?

lulu! disse...

(hahah)

Ricardo Artur disse...

Sou um dos primeiros a falar contra o uso de roupas que considero inadequadas à universidade. Considero um descaso e descompromisso com o ensino vestir-se de 'qualquer jeito'. Acho que se a universidade é um lugar sério, a postura (e não apenas a roupa) deveria condizer com isso.

Mas essa é apenas a minha opinião. Poderíamos abrir um debate, discutir, negociar ou simplesmente nos atermos às nossas opiniões.

Por esse motivo sou contra a bestialidade e a violência desses alunos. Não acredito que a roupa, a atitude ou qualquer outra coisa possa garantir o direito a um nível de censura, violência e constrangimento tão grandes.

Pergunto-me: ainda que ela fosse prostituta. O quê as pessoas têm com isso?
Imagino que se fosse, haveria apedrejamento também.
Infelizmente esse comportamento de bando, que utiliza o anonimato para disfarçar a covardia, lembra-nos que a barbárie humana ainda sobrevive no século XXI.