terça-feira, novembro 03, 2009

Pimenta no dos outros

Eu lembro da minha primeira fratura. Parece uma memória querida por começar assim, né?, mas não, naturalmente que não foi. Era um caso para pino, mas como eu também tive uma ferida, o médico disse que cirurgia não ia rolar por causa dos risco. Ok, depois de quase 2 meses imobilizada, eu fiquei boa, sem problemas. Eu lembro que o que mais me revoltava naquela época não era bem a minha situação, era, já que tive que andar de muleta um mês inteiro, a falta de educação das pessoas diante de alguém que estivesse com uma deficiência. Houve casos em que o porteiro de um prédio não se deu ao trabalho de levantar de trás da mesa dele para abrir a pesada porta de blindex para mim. E hoje eu vejo que certas coisas não mudaram muito. Outro dia, chegando a um mercado, fui usar a cadeira de rodas que o estabelecimento disponibiliza para clientes. Ao perguntar para o segurança, ele disse que tinha só que passar um pano porque estava suja. Aí, ao rádio, disse:
—Oh, fulano, procura aí o ciclano porque tem que passar um pano aqui na cadeira de rodas. — E depois disse a mim — Daqui a pouco ele chega.
Hein? Sentei na cadeira e falei que aquilo estava lá para uma pessoa com necessidade, não alguém que pudesse ficar comodamente esperando alguém ter a bondade de aparecer com um paninho.
Ontem mesmo tive que ficar na frente do carro e erguer uma das muletas para que o motorista me deixasse passar dentro do estacionamento de um mercado sob a chuva, e logo depois o manobrista empurrou a minha muleta com o carro, enquanto eu estava na frente do carro. Mas eu não considero isso como o todo da situação, sei que foi azar, tem gente mais educada e racional do que isso. O que constitui a massa mesmo são as pessoas que preferem ficar olhando para a sua situação, te medindo, para saber o que você tem. É um tal das pessoas se esticarem, se cutucarem e até apontarem quando eu entro que me enerva, é comum até ouvirem algo como "apontar é falta de educação, gente". Mas a minha situaçao não me revolta por mim, não, porque eu ando de muletas por um mês, no máximo dois. Mas eu me pergunto das pessoas que tiveram sérios problemas, seja de formação ou de percurso, ficaram presas a uma situação permanentemente desagradável e que são alvo deste tipo de constrangimento. Isso me irrita mesmo. Acho lamentável essa mania de fazer show na desgraça alheia, e a soci que se forma ao redor de um acidente de trânsito não me deixa mentir.

2 comentários:

Anônimo disse...

olá! Eu li o seu post. Acho uma grande indelicadeza não ajudar uma pessoa que dê uma queda na rua e que torça um pé, não abrir a porta a um idoso no restaurante, não dar o lugar nos transportes públicos ás pessoas mais velhas e não abrir a porta, quando uma pessoa está de cadeira de rodas ou de muletas. Acho isso uma falta de civismo! as melhoras para si. beijos, um portuguÊs

Anônimo disse...

uma vez caí num passeio, aqui em Portugal mas não me magoei. Fiquei triste porque ia uma senhora mais velha a passar e nem sequer me perguntou se eu estava bem ou precisava de ajuda. beijos e as melhoras