Ok, cheguei lá no dia marcado, uma fila de fazer parecer o Maracanã um estádio fantasma. Depois de esperar quase uma hora do lado de fora, nesse clima ameno que tem feito nos últimos dias, eu consigo entrar no recinto. É engraçada a técnica que esses funcionários públicos desenvolveram. Você fica na fila, ele finge que não te vê por 2 minutos e meio, até que você continua lá em pé até completar os 180 segundos. Como ele viu que você não foi embora, porque não é peido para ser ignorado e passar, ele te chama para te atender. Mas a esta altura, você já leu a única informação que eles fazem o favor de divulgar sem falhas: desacatar um funcionário público no exercício de sua função é crime punido com reclusão. Ou seja, bater cateira de velhinhos na Zona Sul é mais seguro.
Depois de tudo isso, os
Ok, voltei no dia seguinte, afinal, queria resolver isso antes do carnaval. Chego eu lá, passo por tudo de novo, inclusive a prova dos 180 segundos. Quando sou atendida, entrego minha papelada na mão do sujeitinho. Ele nem olha direito e prende tudo com um clip imenso e dá na minha mão, enquanto uma colega de trabalho grita atrás dele "a senha, tem que dar a senha". Eu me mantenho ali parada, ouvindo ela repetir aquilo umas três vezes, até que ocorre uma mágica com o funcionário-do-mês:
— Ih, ah, é! Tava esquecendo o principal. — disse malemolente, me estendendo um papel com um número impresso e sorrindo.
— Ah, eu entendo. Deve ser muito desse trabalho na sua cabeça. — E sorri girando os calcanhares para pegar um lugar.
E eu penso que desacato é essa situação que a gente vive.
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