quarta-feira, março 03, 2010

Assunto de todos

Primeiro eu recebi um e-mail com um histórico longuíssimo de denúncias e escândalos políticos, que cobriam desde o governo de Geisel até o atual mandato de Lula. Antes de repassá-lo a todos da minha lista, enviei a um amigo meu, pessoa muito bem informada e antenada com o cenário político, pedindo sua opinião. Ele, gentil que é, não se limitou a dar uma resposta curta e abstrata, pelo contrário, foi extremamente eloquente em sua réplica, de tal forma, que pedi sua autorização para encher meu Casa com suas palavras, que seguem abaixo:

Eu particularmente acho muito perigoso tentar classificar os políticos em "honestos" e
"desonestos" e usar essa classificação como principal critério para decidir em quem votar.
Em primeiro lugar, não acho que honestidade seja sinônimo de bom caráter. Basta citar
os exemplos de Hitler e Stalin que eram honestos (não enriqueceram nem um
centavo, apesar do poder ilimitado que tinham em seus países) e não podemos dizer que
eram bons políticos. O Rio de Janeiro já teve um Prefeito rigorosamente honesto: Roberto
Saturnino Braga. Na época dele, o lixo se acumulava nas ruas, completamente esburacadas,
e os servidores municipais passaram meses seguidos sem receber seus salários. O Município
literalmente faliu.
Por outro lado, a política é um meio sujo por natureza. É impossível fazer política sem sujar as
mãos. A tendência, portanto, é que nenhum político possa ser enquadrado no conceito de
honesto. Neste contexto, honesto passa a ser o político que não foi denunciado pela mídia,
o que confere aos meios de comunicação (principalmente à Rede Globo), o poder de decidir
quem é honesto e quem é desonesto (protegendo ou denunciando). E falando com franqueza:
não há nada pior para o Brasil do que os interesses defendidos pela Rede Globo (do grande
capital internacional, principalmente estadunidense).
Apesar de nenhum político merecer o rótulo de "honesto", isso não significa que sejam todos
iguais e que por isso seja melhor votar nulo sempre. Os políticos se diferenciam uns dos outros
pelos interesses que defendem e representam e pela capacidade que alguns têm e outros não
de assumir compromissos históricos. Prefiro usar outras dicotomias para classificar os políticos:

Votáveis:                   Invotáveis:
- "nacionalistas"          - "entreguistas"
- "solidaristas"            - "individualistas"
- "dissidentes"            - "bajuladores"
- "contra os EUA"        - "pró-EUA"

O papel de um político pode variar de acordo com o cenário. Um político que hoje serve aos EUA,
amanhã pode estar atrapalhando os interesses estadunidenses e vice-versa, como foi o caso do
Collor: eleito pela Rede Globo, suas trapalhadas começaram a retardar as privatizações (prioridade
dos EUA na América Latina na década de 90). Além disso ficou amigo do Brizola (inimigo número 1
dos yankees enquanto viveu) e começou a mexer em colméias, como na questão das concessões
de emissoras de rádio e televisão. Foi demitido do cargo pela mesma emissora que o elegeu, o que
não foi difícil, tendo em vista seu vasto currículo de picaretagens.
Eu coloco o Presidente Lula no primeiro grupo (dos votáveis). Por isso que eu não divulgaria este
email da maneira como está, colocando Lula e FHC (este, o maior representante vivo da categoria
dos invotáveis) no mesmo saco, como se fosse tudo a mesma coisa.


Caso alguém se interesse em ler o e-mail que gerou esta conversa, só me pedir pelos comentários. Não publico aqui abertamente por ser longuíssimo; mas talvez eu possa diluí-lo em várias mensagens. E, mesmo entendo precisamente o que meu amigo pensa, e concordando com suas palavras, continuo sendo contra corrupção, a tal ponto que assinei o abaixo-assinado.

2 comentários:

Michele S. Silva disse...

Muito obrigada pelas informações.
Realmente Kath, mais que eloquente, este texto é de utilidade pública!
Beijaum.

izabel disse...

parabens! gostei dessa sinceridade, sua e do cara.
nao sei nada do brasil, mas sim das outras terras.
levo todo esto pra trasmitir no meu filho e na posteridade.
gostei.