Há dores. De todos os tipo, de todas as formas, em todos, de todos os lados. Há aquelas dentro de nossas cabeças, podendo ser um zunido, uma pressão, uma agulhadinha pequena, mas constante, ou só uma sensação a qual não estamos acostumados. Para todas essas, há remédio, tratamento, ou o costume.
Mas há aquelas que nos pegam pela alma, dentro de nossa essência, e remédio não há, para elas há o tempo.
Mas há aquelas dores aos nossos e para essas, dentro de nós, nem o tempo expurga.
A dor de uma palavra ferina lançada contra nós nos fere, sim, e um dia ela passa. Mas a dor da palavra nossa lançada contra aqueles que amamos é mais cruel, porque às vezes a palavra é esquecida, mas a chaga que provocamos aos nossos nos é uma ferida eternamente aberta.
Seja por haver uma diferença entre nós, seja por haver enganos, seja por ter pensado diferente, seja por não ter braços e pernas longos e poderosos o suficiente para alcançar, para fazer girar o mundo ao contrário e desfazer aquele momento em que a estocada atingiu o alvo. Dói-nos. Dói-nos como lâmina longuíssima que nunca cessa de penetrar e abrir a carne a dor daquele que amamos. Simplesmente por nossa impotência de tirar-lhe a dor e vestir em nós mesmo, carregá-la em nossa própria carne, sentir em nossa própria alma a dor que concedemos a alguém que amamos.
Um comentário:
Para colocar no lugar certo:
Sem sombra de dúvida uma das coisas mais belas que eu já li.
Bela por traduzir visceralmente essa sensação de uma palavra, um gesto feito num momento infeliz. Sensação que insiste em retornar e cobrar juros das contas que não foram devidamente quitadas e da qual o arrependimento é o credor.
Quem nunca quis voltar o tempo levante a mão.
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