segunda-feira, outubro 08, 2007

Sonhos de noites de verão


Agora, assim, tendo que escolher entre almoçar ou tomar banho, sem ter um dia em que o relógio não seja o sol do meu horizonte, sentindo-me algo entre o Chaplin de Tempos modernos e Gregor Samsa de Metamorfose; dou-me ao luxo de, quando em meio a mais uma engrenagem do maquinário que virou minha vida, entregar-me às memórias saudosas de um passado recente, de uma vida real, que me parece algo polido encerrado dentro de uma vitrine luxuosa, perto das minhas mãos mas inacessível ao meu toque. Lembro das noites de verão, em que pudemos nos entregar ao próprio suor; as manhãs soavam como pausa de Perr Gynt, a música era nossa. Lembro-me de olhares esquivos, de mãos magnéticas, de sorrir em inércia, de caminhadas. Lembro-me do primeiro beijo, de beijar primeiro. Lembro-me de descobertas, reencontros, reconciliações. Lembro-me de eclipse de lua, vapores de vodca, fumaça de mirra; e noites tardias. Não à toa o verão me faz tanta falta.

3 comentários:

Anônimo disse...
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xistosa, josé torres disse...

Vocês vão para o horário de Verão. No final do mês, entramos no do inverno ou inferno.
Mas o calor nem nos faz lembrar que estamos no Outono.

Não gosto de recordar, recordações, a redundância é propositada. Mas assisti, em miúdo a um espectáculo que parece-me não ser visível dentro dos próximos 200 anos.
Talvez nessa altura nem consiga ver, a miopia não deixará.
Foi uma aurora boreal, (aí no Brasil, será austral), com o céu nocturno, retinto de "sangue".
Inexcedível e inesquecível.
Não sou saudosista, parece-me que nunca fui pequeno, que nunca beijei, não vi eclipses, vapores de álcool, fumo de algo a arder e deitei-me sempre cedo.
Aliás, a noite é o meu dia.

Não tenho nado com isso, mas eu colocava as músicas no lado esquerdo, vão-se "perder" na voragem do dia a dia.
É só um reparo, pois assim dá gosto escrever e ouvir, não como nalguns blogues, que mal entramos, começamos a ser martelados com o que não queremos.
Fecho a porta e saio logo!

Anônimo disse...
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