sexta-feira, dezembro 07, 2007

A metrópole assiste e sorri pensativamente

Começa como um comichão. Como se uma voz chamasse, sei lá de onde, de quem, qual sexo, idade ou sotaque; não conheço. Mas meus tímpanos continuam estáticos. E a voz não cala.
E tento deixar o meu próprio corpo, as minhas próprias vozes, para alçar um vôo sobre metal e vidro, luzes e asfalto, tentando encontrar este uivo surdo à lâmpada incandescente. Não me interessa quem é, que pode ser e para onde vai. Tudo que desejo é volitar sobre sua cabeça por um breve instante, pairar diante da sua janela em um curto momento para ouvir poucas palavras que essa mesma voz jamais articulará em verbo. São muitas vozes, você sabe, então não importa a embriaguez do vôo ou a melodia do canto, o tempo é sempre curto. E lanço-me no ar sem nunca saber quando volto, a busca pode durar dias; a última durou semanas. São muitas vozes, você sabe. E encontrá-la é como um acorde de tônica em final feminino, a coceira passa. Daí é a minha vez de entoar o canto, de uma voz que não é minha, mas que é minha a canção: