segunda-feira, dezembro 03, 2007

Concordância

"Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou com a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção de lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda."
O Gigolô das palavras, Luiz Fernando Veríssimo

O João, dono da Deckdisc, do auge da sua experiência e simpatia, sempre fala que acha uma pena o fato de que as bandas que lhe enviam suas demos, em busca de aceitação, talvez, não conseguem mostrar nada além de receita de bolo, fórmula pronta em um espaço em que podem ser absolutamente livres. Quem é tolo de dizer que não?
Minha demo ainda não está pronta, e o que ele disse com certeza ficará impresso nos meus fonogramas. Mas referente à minha produção já pronta e divulgada, creio que segui os conselhos sagazes do homem; aliás, dos dois. Meu blog, minha demo.
Nunca pensei em escrever aqui e terminar sendo contratada para escrever o próximo best-seller a ser narrado pela Ana Maria Braga em sua versão audio-livro (mas quando coisas boas acontecem, ninguém reclama, certo?). Mas eu busco usar este quinhão de pixels que me cabe de forma livre, tão livre que tende ao caos. Não é de hoje que penso nisso, mas então cruzo com essas sábias e deliciosas palavras do nosso escritor mais querido e penso em como é bom ver quando Os Caras concordam.
Ah, João, por que você não tem uma editora?

Um comentário:

Anônimo disse...
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