Páginas em branco conseguem ser deliciosas. É como um mundo de oportunidades, o Nada, pronto para passar pela transição e se tornar qualquer coisa, esperando ser manchada, desvirginada, arrancada de sua candura.
Páginas em branco podem ser assustadoras, enooormes, como uma montanha a ser escalada; como que se ela lá, quieta, em sua branquidão, não fosse aceitar qualquer coisa, quisesse algo que honrasse a perfeição da sua transmutabilidade.
E por isso, às vezes, escrever é tão difícil. Por isso não nos basta ter uma idéia, temos que não apenas querer transformar a página, mas precisamos fazer a linha suar para executar bela dança, cheia de pas-de-deux, mas sem ninguém para lançar a bailarina no ar, sem ninguém para dividir os saltos e as piruetas.
Um comentário:
Ernest Hemingway, "As Neves do Kilimanjaro", pois não me lembro nada sobre o Monte Fiji, a não ser as suas neves perpétuas, que parece-me que agora já o não são.
O Thaiti é um sonho, mas mesmo só sonho, pois os franceses "envenenaram" o ambiente, (há uns anos), com explosões nucleares.
Daí o Erico Veríssimo, ter escrito "Olhai os Lírios dos Campos"
Aqui são petónias, pouca a diferença.
A natureza é mesmo assim, não liga cores com cores, só enfeita a seu bel-prazer!
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