Reflexões sem saída

Quando queremos que uma criança não se afaste de nós, dizemos que o homem do saco está por perto e que se houver descuido, danou-se.
Paralelamente, ao final de cada ano, dizemos que um senhor de barba virá até nossas casas com seu saco cheio de presentes trazendo alegria.
Não é incoerente que uma criança, com aquela lógica infantil maravilhosa, capaz de produzir coisas sensacionais, tenha que temer e esperar por um homem do saco, variando apenas o mês em que se encontra? E daí se eles são diferentes? O que impede o mau de roubar as roupas do bom? Afinal, ele é ruim mesmo!
Pensem agora, se por acaso um menininho poe na cabeça que os dois sacudos são, na verdade, o mesmo. Ele vai esperar até o dia 25/12 para ganhar o quê? Certamente, uma outra criança que, ao contrário dele, não foi obediente e comportado.
Eu me pergunto se alguma dessas crianças encapetadas pensa que, se o homem do saco (mau) vier buscá-la e levar embora, ela vai ser devolvida à sua família na época do natal.