terça-feira, abril 08, 2008
Pontos de referência
O moço bonito em meio aos lençóis com beijo lânguido e cálido, a moça que reflete o sono no espelho, o chofer simpático que todo dia limpa o carro, os cães livres e, por isso, famintos; a empregada coxa que usa sempre o mesmo lenço na cabeça, o aposentado de chapéu que varre a calçada que não é dele, a mendiga que pragueja enquanto vaga, o motorista de ônibus que está sempre atrasado, o careca que vende balas no ponto final, o outro que vende cotonetes e bocas de fogão, o segurança que não responde aos bom-dias, o pedinte que finge ter pernas ruins, o garçom que sabe que o suco é sempre sem gelo, a mulher que passa fio-dental virada para a parede do banheiro, o pianista que tem um olhar infantil, a loira que usa sombra azul mas não espelho para maquiar-se, a funcionária que combina os chinelos com os brincos de acrílico, o lojista que passa as tardes apoiado no alarme da entrada, o livreiro da rua com a barba poivre-et-sel, o grupo que nunca sai dali, o senhor obeso que fuma Derby enquanto carameliza os amendoins que vende, o sujeito com passo dez-pras-duas que carrega a bolsa pesada, a negra de sorriso largo, o bigodudo que vende tortas, o homem cujo rosto virou estátua.
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Um comentário:
Agora há aqueles aparelhos que até falam e nos indicam o caminho ... não me recordo o nome, nem estou para gastar a massa cinzenta ... ficam a uma grande distância desta descrição.
Não fala ... mas quase!
(lembrei-me agora o nome, os GPS)
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