domingo, maio 04, 2008

6,6 bilhões

A Terra nunca esteve tão tumultuada, tem gente saindo pelo ladrão. Nunca tivemos tantos engarrafamentos, filas, congestionamentos de sistema, lotações esgotadas, pitacos e ar condicionado sem vasão. E passamos por tudo isso à toa, nunca estivemos tão sozinhos. Criticar individualismo eu acho apontar para a conseqüência; acho mesmo que a realidade, a ordem social, o mercado de trabalho, o rítmo da vida cotidiana e a Coca Cola (de alguma forma ela é culpada, sempre é, eu sei) é que nos impõem todo esse isolacionismo. Nunca somos bons o suficiente, sempre nos falta alguma nova gadget, o da TV é sempre melhor, estamos sempre a um passo da obsolência. E desse correr-atrás lifestyle vem o nosso isolacionismo; o que já foi conquistado não conta, não importa o valor inexpressível e inarticulável que as coisas possuam.
Em geral, sou um tanto resistente a esses papos piorou-era-melhor, mas fica difícil ignorar a quantidade de carros que transportam apenas o próprio motorista e a enxurrada de comida em porção individual que é fabricada, vendida e comprada, mesmo com o preço sendo de porção inteira; há também os aparatos da solidão, como iPods, mesinhas feitas para comer frente à TV e aquelas poltronas de fazer o Darth Vader babar.
"Ah, é so o mercado se adequando à demanda do consumidor", "isso não pode servir como evidência para nada". Será? Talvez. Mas quantas fotos você vê no orkut tiradas diante do espelho?

Um comentário:

xistosa, josé torres disse...

Por aqui, 99,9 % das pessoas, não sabem o que é sair pelo ladrão.
(Rebentar pelas costuras, é estar cheia como um ovo)
Por acaso sei que o que é o ladrão.
Quando estudei hidráulica tinha dois livros brasileiros, tinha não, tenho ainda ...
Se não se dá pela avaria da bóia ou flutuador é mesmo um ladrão.
Por aqui chama-se "aviso", ou "trop plein".
Mas está uma metáfora de alto coturno, como é apanágio da Casa 101.
Já é tarde da noite, mas vim dar uma "espiação" e ainda bem.