quarta-feira, junho 04, 2008

Apesar de tudo, amor.

No post já meio passado de um blog querido, alguém retrucava dizendo "- Não... eu costumo amar alguém apesar de vários motivos..."
Soa engraçado, sarcástico, né? Mas também é extremamente preciso. Acredito mesmo nisso, paixão é uma coisa que pouco tem a ver com o outro, é mais um estado de espírito, uma fase. Mas amor, não, é completamente o oposto, nós, amantes (ou amadores?) completamente passivos diante deste sentimento. E isso só acontece quando conhecemos (acho que esta é a chave da questão) quem está conosco. Afinal, a gente não ama aquela pessoa que passa na rua, por mais linda que seja; nem aquela com quem simplesmente trocamos cartas românticas, olhares ou beijos.
Amamos mesmo aquela pessoa que já vimos de mau-humor, larga o jornal espalhado, deixa a caneca do café-da-manhã na pia e a pilha de roupa suja no quarto, demora no buffet, fica insuportável sob pressão, é cri-cri, repete sempre a mesma piada, ouve o mesmo disco oito vezes seguida, fala sem pensar quando se enerva, molha todo o banheiro, ouve música cafona, deixa armadilha pela casa quando corta a unha do pé ou fica com fiapo no pescoço depois de se barbear; e conseguimos enxergar maior do que tudo isso, ou mais ainda, olhamos para esse conjunto de coisas tortas com carinho e encantamento. Aí acontece esse lance que as pessoas gostam tanto de falar, mas não tem lá muita noção do que possa ser. Espero que encontrem.

4 comentários:

Gabriel Cruz disse...

Obrigado pela tradução!!! era exatamente disso que eu estava falando...

xistosa, josé torres disse...

A mulher fazer tudo isso, é paixão, amor ou escravidão?

Mandar o cara para a mãe tratar!!
(eh!eh!eh!)

Estou cheio de trabalho.
Por isso não tenho visitado para tomar café na Casa 101.
Não esqueço os amigos!

Anônimo disse...

Série nova no meu blog:

"Coisas que o Ed não entende"

Dá uma olhada e me diz o que achou!

Beijos

Urania disse...

Oi Mar...

Você sabe que tenho pensado muito em "amor" e em "relações"?

Sabe que eu acho que eu perdi a capacidade de me apaixonar? Justamente por ser aquilo que você colocou no blog; um sentimento que alguém nutre por si mesmo, projetado no outro.

Mas eu não esperava ter perdido também a capacidade de amar. Eu, que sempre fui apaixonada pelo amor. Hoje em dia, não o encontro em mim. Parece que se esgotou.

Eu entendo o outro, aceito a coexistência, consigo ver o outro inteiro, com todos os seus constituintes, MAS o amor se perde, se perde em uma relação.

O amor está perdido em mim. E eu não sei onde ele está.

Não sei se eu esperava que o amor colocado dentro de uma relação fosse outra coisa e se esperava que as relações fossem outra coisa do que são na verdade.

Beijossss