terça-feira, setembro 02, 2008

Andando na linha tênue

Agora há pouco, dirigindo, quase matei uma pessoa. Quase! Em primeiro lugar, chato-pai, eu não passei dos 60km/h, e como tinha acabado de mudar de faixa porque uma kombi fez aquilo que elas fazem de melhor, atravancar a p0&&4 toda, devia estar mais para 50km/h ou menos. Foi bem em cima de uma curva, em que há um posto e um sinal, que estava aberto para mim, aliás. Da saída para pedestres do posto, um motoboy resolve fazer aquilo que faz de melhor: m3&d4; saiu na contra-mão jogando o farol bem na minha cara. Tive que desviar dele, e então vi que, logo atrás da moto, havia um transeunte, fora da faixa, bem no ápice da curva. Quando ele viu a luz do meu carro, fez aquilo que pedestre sabe fazer de melhor nessa horas: congelar. Eu desviei o carro dele, joguei para outra faixa que, por sorte, não havia ninguém e segui. Tudo em menos de 5 segundos.
Não fiquei passada, não entrei em choque, não sofri de nervosismo. O que me deu mesmo foi uma revolta interna, mas profundamente resignada.
Se meus reflexos fossem um pouco piores, o cara agora seria asfalto. Se meus pneus estivessem um pouco menos calibrados ou o freio um pouco mais gasto, o sujeito lá teria conhecido meu carro por baixo. Se eu estivesse um pouco mais veloz, e ainda assim dentro do limite de velocidade, o manezinho seria estatística. Se eu tivesse inventado de buzinar para a moto, o cara não teria voltado para casa. E tudo isso porque o cara não sabe esperar ficar verde para ele, não entende que numa curva a visibilidade é dificultada, ainda mais com um motoboy dando show de competência.
Essa noite houve esse caso, mas essa semana houve o casal de idosos que queria atravessar em plena luz do dia uma das vias mais movimentadas de Jacarepaguá; há, todos os dias, pessoas que esperam a hora de atravessar a rua em plena rua, e não na calçada. Aí, o povo (essa entidade burra) pediria mais sinais com faixas emocionadas de que "estão matando nossas crianças". E então aprovamos um novo código que fala em "crimes de trânsito" e tira pontos da carteira do motorista. Mas onde entra nesse conjunto de leis a parte daqueles que não dirigem mas fazem o tráfego todos os dias? Quem vai culpar o pai por não ter dado a mão ao filho para atravessar e não ter ensinado a olhar para os dois lados?
Se, por total infortúnio, eu tivesse pegado o cara, há uma linha que diz que atropelamentos a menos de 50m de uma faixa para pedestres ou passarela é qualificado como suicídio provocado, eu ainda seria isenta de culpa. Mas será que o povo, de novo ele, saberia disso e não correria para me linchar como se fosse eu uma facínora armada com rodas?

Um comentário:

xistosa, josé torres disse...

Os bons condutores, (condutoras) procedem assim.
Desta vez não houve estatística, nem "Sangue no asfalto", mas sim, "Conduzo-te para o céu".
Felizes dos imprudentes peões que encontram bons condutores.