domingo, março 15, 2009

O velho pensava sempre no mar como sendo la mar, que é como lhe chamam em espanhol quando verdadeiramente o querem bem. Às vezes aqueles que o amam lhe dão nomes vulgares, mas sempre como se fosse uma mulher. Alguns dos pescadores mais novos, aqueles que usam bóias como flutuadores para as linhas e têm barcos a motor, comprados quando os fígados dos tubarões valiam muito dinheiro, ao falarem do mar dizem el mar, que e masculino. Falam do mar como de um adversário, de um lugar ou mesmo um inimigo. Entretanto, o velho pescador pensava sempre no mar no feminino e como se fosse uma coisa que concedesse ou negasse grandes favores; mas se o mar praticasse selvagerias ou crueldades era só porque não podia evitá-lo. "A lua afeta o mar tal qual afeta as mulheres", refletiu o velho.

in O velho e o mar, de Ernest Hemingaway; tradução de Fernando de Castro Ferro. 2003

2 comentários:

Anônimo disse...

Nem toda coragem é visível, nem toda vitória deve ser cantada. O triunfo quanto mais pessoal, é mais verdadeiro. Aprendi com Santiago a guardar algumas coisas só pra mim.
Hemingway é um dos meus favoritos,vc sabe. Mas Paris é uma festa é meu preferido..
" Quando a primavera chegava em Paris, mesmo que se tratasse de uma falsa primavera, nossos problemas desapareciam, exceto o de saber onde se poderia ser mais feliz."
Beijo

Anônimo disse...

Sacanagem com o mar.
Espanhol é a lingua mais cafona do mundo.