sábado, março 07, 2009

Vítima criminosa

Sobre essa menininha que foi violentada pelo padastro e que provocou toda essa reação da Igreja ao interromper essa gravidez, eu tenho muita coisa a dizer, mas eu estou indignada de tantas formas que nem sei por onde começar, ainda por cima quando o nosso ilustríssimo presidente conseguiu falar alguma coisa realmente ponderada e acertada sobre o assunto que sintetiza bem a opinião pública. Só me impressiona que em toda essa história de tirar uma vida inocente, dom José Cardoso Sobrinho não pensou que uma criança de 9 anos nem teve lá muito tempo ou muito espaço para fazer algo que a defina como culpada. Legalmente, inclusive, nem mesmo a sua idade a permite cometer um crime. Mais, excomungando todos os que apoiaram a interrupção da gestação, e definindo o estupro como um "crime gravíssimo" mas não digno de excomunhão, fica uma postura extremamente machista e retrógrada por parte do religioso e da instituição que ele representa. Só espero que este não seja o caminho para começar a defender assassinato em defesa da honra para marido traído. O arcebispo chegou a comparar o procedimento médico ao Holocausto cometido pelos nazistas. Bom, talvez ele saiba bem do que está falando, posto que nem mesmo o grande führer foi excomungado.
Mas quer saber? Eu não frequetaria, nem a trabalho, uma paróquia em que eu pudesse me sentar do lado de um estuprador confesso.
Bom, disso tudo, e só desejo muito força para essa criança, para que ela se refaça desse trauma que o padrasto impôs a ela e à sua família (ele não deixou por menos com a enteada mais velha), e que os religiosos fizeram o favor de piorar chamando tanta atenção. E desejo também, do fundo do coração, que esse cara vá parar na cadeira, e que todos saibam lá qual foi o seu crime.

16 comentários:

Anônimo disse...

Salve Pio XII! Salve o tal Bispo !
Salve o Holocausto! Salve o Estupro!
Pio XII vai ser beatificado...Não se surpreenda se o padrasto for cotado...
Como diria o porta voz do Vaticano, Paulo Maluf: Estupra, mas não mata! Ops... Matar não excomunga...
Duro tb é ter que ouvir que os católicos estão virando os novos Judeus...Pelo menos nenhum católico vai ter que passar a vida repetindo: "eu não matei, Jesus"... Eu preciso...
Desculpa, Marilinha, estou meio azedo hj. Seu texto merecia um comentário mais bem estruturado mas tô com preguiça de escrever...
No mais, vc sabe que sou contra ao Aborto, mas de falta de bom senso e humanidade eu não sofro...

Brutux disse...

Pois é o Maluf da igreja... Estupra mas não mata...
Beijos.

Anônimo disse...

Há controvérsias. No texto, nos fatos, no que é mostrado pela mídia e nos comentários acima.
E viva Pilatos, que de todos os personagens foi o que mais ensinou:
"Lavemos nossas mãos."

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Chag Purim sameach!
Sobre Pilatos... Só precisamos lembrar que anos depois da morte de Cristo, ele foi mandado de volta a Roma devido a sua conduta inflexível e extremamente cruel. Mas isso está em qq livro de história de 2 grau... Oq talvez poucas pessoas sabem é que lavar as mãos simbolicamente, é um gesto da tradição judaica, e não romana.
Por isso os maiores estudiosos da Bíblica acham que essa frase não foi usada por Pilatos, visto que odiava os judeus, e também não consideram a frase "Que seu sangue caia sobre nós, e sobre nossos filhos" supostamente dita como resposta ao procurador, como uma maldição e sim , como uma profecia já realizada. E afirmam que essa frase foi usada como justificativa para o ódio religioso... Como isso gera controvérsia, até mesmo Mel Gibson tirou essa frase do seu filme superficial e tendencioso. Mas que fique claro, que não o acho antissemita! antes que me batam...
De qq forma, não vim aqui falar de religião, nem colocar mais lenha na fogueira do Bispo. Vim pra te desejar um Chag Purim! O carnaval recomeça!

Anônimo disse...

agora que vi que apareceu outro judeu por aqui...
ברוך הבא, אחי

Gabriel Cruz disse...

Sei que isso não muda muita coisa no pensamento comum, mas o bispo não excomungou ninguém , todos os envolvidos (exceto a menina) foram excomungados automaticamente, pois o aborto é um dos sete casos de excomunhão automática no Código de Direito Canônico. O Bispo apenas chamou atenção a esse fato.

Infelizmente na nossa sociedade, uma menina de 9 anos ter um filho não é uma novidade tão grande assim. Nas periferias, pequenas cidades isso é mais comum do que se pensa.

O Trauma do estupro já existia, o aborto não iria apagá-lo.

E quanto ao risco. Já conversei com alguns médicos sobre o assunto. A Menina não estava em perigo iminente de morte naquele momento (aliás... quando foram busca-la para começar o procedimento ela estava brincando com bonecas no quarto), o procedimento mais correto seria dar prosseguimento a gravidez para ver como o quadro iria se agravar e o processo abortivo foi tão arriscado quanto ela deixar nascer aquela criança...

Gabriel Cruz disse...

Se o quadro começasse a complicar.. aí sim faria-se o aborto.

A questão é que, a menina, todo mundo vê e sabe que é um ser vivo. Mas os 2 embriões que estavam no ventre dela não. E por isso são tratados como se fossem uma doença a ser eliminada, nesse aspecto uma comparação com o holocausto me pareceu bem justa. Apesar de bem forte.

DIgo que o bispo teve todo o direito de excomungar sim. Porque em nenhum momento, pensou-se em tentar salvar as 3 vidas, em nenhum momento pararam pra perguntar se o aborto era realmente a única solução.

Ficamos só no discurso sentimentaloide da pobre menina e as crianças que iriam sofrer muito na vida com os traumas do estupro...

Quem dera eu pudesse eliminar todos aqueles que traumatizaram a minha vida depois de nascido... No entanto se eu fizesse isso deixaria de aprender muita coisa que aprendi... além de ser malvisto pela sociedade.

Gabriel Cruz disse...

Por fim penso que o Estado foi o mais desumano nessa história. Porque não foi capaz de dar educação para o Padrasto e nem para a mãe dessa menina. Não foi capaz de garantir a segurança dessas pessoas e agora não foi capaz de amparar essa menina de forma mais ampla. Resolveu o problema com uma metodologia paliativa ao invés de assumir suas responsabilidades perante a sociedade!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Brutux disse...

O ridiculo é alguém imaginar que pode condenar ou absolver a alma de quem quer que seja...

Ao EU...Obrigado irmão!
Shalom!

Anônimo disse...

Todo mundo opina, alguns assumem postura e outros não. O fato é, alguém aqui fez alguma coisa pra interferir nesse caso? Não. Então de certa forma, TODOS lavaram as mãos.

Gostei da explicação, EU. Realmente faz sentido o que disse.

Brutux disse...

Interferir? Todos nós interferimos no caso. Afinal as leis do Brasil, em ultima instância, fomos nós que as criamos e as mantemos.
Este é o ponto.

Anônimo disse...

Nós quem? Alguém aqui criou alguma lei? Agora sobre manter é verdade, nós mantemos. Quem cala consente.

Justo, concordo totalmente com seu comentário sobre o direito de condenar ou absolver almas.

Anônimo disse...

Ah "quem cala consente" e "lavar as mãos" significa a mesma coisa, não?

Só posso concordar que de certa forma interferimos, se a falta de ação, também for considerada uma ação. Aí sim. Tudo bem.

Gabriel Cruz disse...

Desculpa, mas mais uma coisa é necessária ser explicada.

A Excomunhão não é uma espécie de condenação dada pela Igreja, mas sim uma postura que uma pessoa toma onde ela automaticamente assume que não está de acordo com a Igreja e por isso se afasta da comunhão. A Igreja apenas ratifica este fato. Mas a excomunhão é escolha total da pessoa. Tanto que para se reaproximar, basta um pedido da própria pessoa, após arrependimento e confissão.

Mas é isso Excomunhão é uma escolha da pessoa de estar ou não com a Igreja e não uma condenação iminente.

abraços