quinta-feira, setembro 02, 2010

Mão na roda

Meu pai, na semana passada, me pediu ajuda para dirigir um dos carros para fazer a vistoria. No probs! Liguei para ele na noite anterior, para confirmar se ainda seria necessária as minhas habilidades condutoras.
— Você já dirigiu carro automático?
— Sim, inclusive peguei estrada.
Marcamos na casa dele, uma hora antes do horário que ele havia marcado no DETRAN. Ok.
Na manhã em questão, uma hora antes do combinado, liga ele:
— Você já está a caminho?
Eu tava começando a me arrumar. Não moramos tão longe um do outro.
Enquanto eu estava no trânsito, ligou ele, dez minutos antes da hora marcada.
— Você já está chegando?
— Pai, to a caminho. Ainda falta.
— No meu relógio não.
Apesar de todo o engarrafamento que peguei, cheguei à casa dele numa pontualidade britânica. Ele estava sentado no sofá, como se na verdade fosse de madrugada e eu tivesse 12 anos. Fomos à garagem. Eu entrei no carro, ajeitei os espelhos e tentei me habituar. Trata-se de um sedan, não apenas sedan, mas um dos grandes, que depois vim descobrir que os pedais são de manteiga e extremamente sentimentais. Eu constumo chamá-lo de cruzador estelar. E a garagem, por sua vez, não é das piores, mas tem um espaço limitado para manobra, com pilastras por todos os lados e os carros dos vizinhos. Mas o meu maior medo mesmo era o olhar cerrado do meu pai.
— Faz uma manobra aqui para se acostumar com ele.
Perfeito, é assim que você se acostuma com um carro, manobrando dentro de uma garagem apertada, acabando de descobrir que os pedais do carro funcionam mais por pensamento do que por toque, com o Darth Vader respirando do lado de fora do vidro. Pois bem, lá fui eu. Com muita calma, muito jeitinho, muito amor no coração e muito medo, coloquei o carro paralelo à vaga em que estava. Lord Vader postado do lado de fora, olhou, com aquele jeito dele de mão na cintura, cotovelos bem abertos e cara de algo vai mal.
— Acho melhor eu levar só um hoje.
E menos de cinco minutos depois, estava o portão da garagem fechando, comigo do lado de dentro, e ele indo embora confortável atrás do volante.
— De nada, pai — ele não escutou, mas eu falei.

Um comentário:

xistosa, josé torres disse...

Só eu é que sei 'dirigir'
Quem vem atrás ... só vale pra fechar o portão.
É assim por este lado e no Brasil, que também são de carne e osso, é igual.
Faz tempo que não vinha aqui.
Espero não vir desestabilizar como é apanágio "deste que escreve".

Um abração.