quinta-feira, dezembro 16, 2010

Aula de harmonia

Em uma aula de piano, após o aprendiz ter parado de tocar por um suposto erro, seu professor, o brilhante/ilústre/célebre Thelonious Monk, deu-lhe a maior lição de todas ao afirmar que, na música, não existe erro, tudo depende do que se coloca depois.
Os fãs de jazz, por suas harmonias nada-óbvias, têm uma afeição especial e muito justa a este axioma, sobretudo ao se levar em conta o seu autor. Eu, particularmente, e como bem podem imaginar, também gosto muito. E não por ser fã de Round Midnight, mas acontece que, desde que comecei a estudar música, senti que esta era uma metáfora inesgotável para se entender a própria vida. Concordo muito com Monk; tanto que defendo mesmo que, na maioria absoluta das vezes, somos muito mais definidos pela forma com a qual lidamos com nossos problemas do por estes mesmos em si. Outro que falou disso muito bem foi o Fernando Sabino, usando de versos, afirmou que "devemos fazer da interrupção um novo começo" --desta, então, eu gosto muito -- "da queda, um passo de dança". E quantas vezes na vida não extraímos lições, amadurecimento, conquistas e sabedoria daquele ponto mais crucial? Quantas vezes, na hora da crise, não descobrimos quem de fato está do nosso lado e nos alegramos e fortalecemos com isso? Lembram que já falei aqui que acredito mesmo que temos problemas para ver o quão grande podemos ser? Bem, por aí... Vai ver que este meu gosto por ópera, mais do que somente pela música, tenha me convencido cabalmente que belas coisas podem emergir das
maiores tragédias.
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