sexta-feira, agosto 06, 2010

K.O.

Eeeh, agosto! Se já é um mês ruim sem nem um feriado no final do túnel para todos, para mim também traz outro sofrimento: dia dos pais e o aniversário do mesmo. Eu já choraminguei aqui antes sobre as agruras de presentear o homenageado do mês, mas, sério, não importa o quanto eu fale, é pouco. Passei minha tarde ontem subindo e descendo o Botafogo Escada Shopping atrás de alguma coisa. Quando me convenci de que não havia nada de proveitoso nas lojas, até pensei em ir no estacionamento roubar um carro, mas até isso ele já tem. Acontece que já tenho uma margem de tolerância baixa a lojistas, vocês sabem, mas se agrava quando eles pensam que têm soluções maravilhosas e facílimas para resolver meu problema, quando sequer já viram o meu pai. Ontem, por exemplo:
— Seu pai bebe?
— Oh, sim, um entusiasta de vinhos.
— Ah, fácil! Dá esse kit de saca-rolhas.
E aí eu tenho que ser educada e recusar com gentileza ao invés de falar "ah, que bom! assim meu pai vai poder passar a beber o vinho ao invés de ficar olhando para ele dentro das garrafas". Como as pessoas acham que ele tem aberto garrafas todos esses anos?
— Tem também esse conjunto de taças aqui. Com certeza ele vai gostar.
E aí eu seguro outra resposta do tipo "ah, melhor ainda! agora ele não vai mais precisar beber o vinho do gargalo". Sério, gente, pensa que não dói! É como você inventar de dar um carro para um piloto de Fórmula 1. Se ele gosta da parada, ele já se equipou com, no mínimo, os ítens básicos.
Não bastasse isso, há o fato de eu carregar Chato-pai comigo. Naturalmente que eu faço esse tipo de investigação no shopping — infelizmente não chegou a ser "compras" — sem ele. Mas eu tenho ele comigo tão bem, mas tão bem, que eu sei o tipo de crítica que ele vai dar em cada presente. "Coisa de velho", "que baboseira!" e "pra quê isso?" são as mais populares.
Mas esse ano eu cansei. Mesmo. Não tenho mais mufa para queimar com isso. Então decidi que vou dar a ele um saco de cimento, num embrulho bonito com laço e tudo e um cartão. Explicando que esses anos todos esgotaram o comércio e a mim, não há mais presentes possíveis, então um saco de cimento é legal, é grande, pesado, faz volume e ele, como bom engenheiro, vai saber transformar aquilo no que bem entender.

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