sexta-feira, abril 22, 2011

O mandamento ágrafo

Pouca gente sabe — às vezes, nem os cristão mais devotos — mas não são 10 os mandamentos, são 11 na verdade. Você pode pegar sua bíblia à mão, correr lá no Êxodo 20 e contar em seus próprios dedos sem sentir qualquer necessidade de ter polidactilia. E aí você me pergunta se eu estou certa do que acabo de dizer. Oh, sim, muito certa. Você deve estar até mesmo se perguntando se ele estaria escrito em algum outro versículo do livro sagrado. Não, pode devolvê-lo à estante, ou à cabeceira. Inclusive, se sua Bíblia habita o seu criado-mudo, não se sinta nem um pouco mal por nunca ter colocado os olhos neste último mandamento. Mas cabe uma correção, não se trata do décimo primeiro, e sim do zero. Não é o último, e sim o primeiro, pois nele mora a base de uma vida orientada ao bem — sim, ainda que alguns se confundam, ignorem ou simplesmente insistam em fazer o contrário, este é o objetivo do Decálogo, o Bem. Inclusive, tendo como diretriz o mandamento zero, os outros vêm naturalmente, sem esforço, até mesmo se você não tinha conhecimento sobre quais eles são. Se guardá-lo bem, não matarás nem roubarás, não cometerás adultério nem mesmo apresentarás um testemunho mentiroso contra teu próximo, e por aí vai.
Engraçado que o Ben Harper, junto com aquele meninos cegos do Alabama, no segundo álbum que fizeram em parceria, têm uma faixa chamada "11th Commandment", que é toda instrumental; coincidência?!
Aliás, sempre digo que o  There Will Be a Light, 2004, é um álbum paracetamol, sem contra indicação; pPode ouvir de manhã cedo no caminho do trabalho, voltando à noite para casa, deitado na rede no domingo de manhã e até no churrasco com os amigos.
Mas voltando, você deve estar se perguntando, afinal, que lei magnífica seria essa então. Se você, por sua vez, é uma pessoa de bem, talvez já a siga sem nem mesmo se dar conta de que é algo assim tão importante e divino. E este é o motivo pelo qual ele é ágrafo, deveria ele ser o parâmetro básico na vida de cada um, cristão, ateu, pagão ou jedi.
Se, veja bem, se ele tivesse sido redigido junto com outros 10, seria mais ou menos assim:
Não te ocuparás da vida do teu próximo, porque eu, Iahweh, teu Deus, sou generoso, e dei uma vida a cada um, para que cada um se ocupe da dádiva maior que posso conceder-lhes, a vida, e que cada um jamais diga que dei mais a um do que a seu próximo. 
Faz sentido, certo? É perfeito, dispensa a explicação de qualquer sacerdote ou pastor.Não guarda ele qualquer subterfúgio para a dialética. E, como eu disse, de tão básico, até a revista Nova o divulga.

Um comentário:

xistosa, josé torres disse...

Ainda estou aturdido.
Se é ágrafo (bras.) ou agrafo (port.), como se pode ler?
É só sentimento?
Ou "soprado" ao ouvido( (cochichado).
Por isso nunca compreendi muito bem a religião.
Mas sou eu, que sou assim.
Cumprimentos.