quarta-feira, abril 30, 2008

Limitação autoral

Esta que vos escreve não passa de uma incompetente. Lógico que, como fãs (não disfarceis, se voltam sempre aqui é porque sois fãs), podeis achar que não, que minha inspiração é multifacetada, que aqui há alguns temas legais, textos interessantes sobre isso ou aquilo, algumas boas imagens, algumas boas idéias, cenas instigantes, histórias engraçadinhas, poesia cotidiana, conteúdo esdrúxulo na medida certa, um palavrãozinho de vez em quando para ninguém me dar mais crédito do que mereço, e um plágio eventual porque ninguém nessa vida é sozinho; tem até utilidade pública! Podem dizer até que tenho a competência e o despudoramento de fazer com que a Gramática entenda todos os dias quem é que manda.
Mas vocês não sabem a quantidade de bom material volta para o éter sem nunca sequer ter se materializado em uma linha de esboço. Essa lista, inclusive, cresce em progressão geométrica enquanto o meu hall de posts vez ou outra ganha um novo membro.
Para vocês, que, a esta altura já são fãs assumidos, eu vou citar exemplos práticos para ninguém pensar que quero elogios. Ontem, sentada na cadeira do dentista, enquanto ele cumpria sua função de me fazer provar todo o gosto da sua luva emborrachada, eu entendi um claro "vou te morder" quando ele havia dito simplesmente "pode morder". Foi 1.5 segundo de tensão, olhei para ele assustada, com terror nos olhos, e ele, impassível, só disse"fecha, por favor". Beleza, fechei a boca querendo rir. E isso nunca vai virar um post, um segundo e meio não te fornece material suficiente, certo?
Outro exemplo é o amigo galês do meu pai que, sem falar português e desesperado para mandar uma carta para a esposa que estava em casa na Inglaterra, saiu na rua abordando as pessoas e tentando arrancar-lhes qualquer informação. Neste caso, o problema não foi o tempo, mas não tem como contar essa história sem dramatizar o gringo lambendo uma das mãos e batendo as palmas enquanto dizia "stamp, stamp" e batendo os braços enquanto dizia "plane". E pensem que maravilha humorística a idéia de que aviões batem asas!
Tem coisas mais sutís, como a minha antiga professora que constantemente parecia que havia saído ilesa de um acidente de carro, e eu nem me referia àquele penteado.
E outra infinidade que até hoje, de uma maneira ou de outra, não me abandona, não me deixa de instigar, mas nunca será arrematado com um singelo "Kath resmungou às...".

Um comentário:

Anônimo disse...
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